Arquitetura da Comunicação
Uma agência de comunicação tem como matéria cotidiana lidar com a imagem de seus clientes, responder ao desafio de criar soluções que possam traduzir ganhos expressivos na qualidade dessa imagem e no resultado de suas operações. Poucas agências, no entanto, colocam em primeiro plano a formulação de sua própria imagem, de forma a apresentar-se ao mercado com uma identidade marcante e reconhecível à primeira vista.
Na virada dos seus 10 anos, a TOM, agência de comunicação da capital mineira, projetou a ideia de uma nova sede e decidiu que, mais que uma mudança física, essa seria a oportunidade para revigorar o posicionamento de sua imagem institucional. Novos tempos: expansão da carteira de clientes, incorporação de parcerias em joint-venture, perspectivas de ampliar a abrangência de sua atuação para os mercados nacional e internacional. Novos conceitos: rediagramação do layout operacional, revisão de sistemas de gestão, arejamento e descompressão no ambiente de trabalho, enfim, preparar o terreno para novas conquistas e avançar com qualidade.
As intenções da agência capitaneada por Vinicius Alzamora e Adriana Machado encontraram pronta ressonância na consulta que encaminharam à B&L Arquitetura.
O PROJETO TOM
O espaço original da nova sede da TOM oferecia à intervenção arquitetônica da B&L dois pavimentos em vão livre, cada um com 380 m², ocupando o 7˚ e o 8˚ pisos de um edifício localizado no entorno próximo da Savassi, em Belo Horizonte. Os parâmetros estavam bem definidos: almejavam um resultado que conferisse identidade à imagem da agência, sugerindo senso de organização, conforto receptivo e dinâmica operativa. Queriam transparência, amplitude e interação de todos os ambientes, com o desafio especial de inventar áreas de descompressão, sem isolamento setorial. Integrar pessoas, permitir ampla visualidade das funções de cada setor da agência, a noção de conjunto sobrepondo-se ao vício da departamentalização, para acolher uma equipe de 100 colaboradores permanentes.
Para Alzamora, sócio-diretor da TOM, impressionou de maneira especial o empenho dos arquitetos da B&L na fase de briefing, demoradas conversas preparativas com toda a equipe da agência para conceituar o desejo e captar intenções: “Antes de tudo, foi uma obra intelectual, a B&L deu um show de talento”. Resultado: acertaram de primeira.
A equipe responsável pelo desenvolvimento do projeto, coordenada por Marina Borges e Paulo Augusto Campos, concentrou sua atenção na modulação de espaços adequados a diferentes práticas de uso, com respeito aos parâmetros de integração. O projeto da B&L incorpora soluções não convencionais para compor barreiras translúcidas, criar sensação de amplitude e liberdade de circulação. Faz uso das vigas estruturais do vão livre para criar nichos de descompressão. Trabalha a luz rebatida sobre as aplicações de gesso corrido no teto, circulando em calhas aparentes por toda a extensão dos pavimentos. Inventa volumes com a cor. Sobre o branco dominante introduz vivas pontuações de colorismo em variantes da paleta de cores da agência (pitanga, framboesa e cereja), harmonizadas por tonalidades cítricas. E, livrando-se da tentação decorativa, usa o design de mobiliário como elemento de composição arquitetônica, com indicação de adaptações ergonômicas e materiais ambientalmente sustentáveis.
Outro ponto importante ressaltado pela direção da agência foram os procedimentos de orçamentação. Desde os primeiros passos, o projeto do escritório de arquitetura foi apresentado com estimativas prévias de custos de execução da obra, com indicação de fornecedores confiáveis e ampla liberdade para que a própria gerência administrativa da TOM encaminhasse as negociações. Critérios de transparência, que vieram somar ao sucesso da parceria.
Durante todo o processo, a equipe da Tom acompanhou de perto o desenvolvimento do projeto pela B&L, avaliando croquis e participando com ideias e sugestões. Isso não impediu que, ao ver o resultado pronto e acabado, um dos membros da equipe tenha comentado com surpresa: “Isso aumenta muito a nossa responsabilidade”.